Uma questão que é recorrente nos projetos de dragagem, trata da utilização da bomba da draga no porão ou instalada na lança. Na verdade, não existe uma solução que atende a todos os projetos. Tal escolha, depende exclusivamente das condições operacionais, portanto cabe uma discussão aprofundada antes de se definir o equipamento correto.
O objetivo inicial era desenvolver alternativas viáveis, para limitação de vácuo existente nas dragas com bomba a bordo, na dragagem a grandes profundidades, Desta forma, foram desenvolvidas as dragas com bomba submersa na lança. Com a Bomba posicionada mais próxima do solo e instalada na própria estrutura da lança, a coluna de água acima desta, aumentava a capacidade de vácuo e permitia se alcançar o material em profundidades elevadas.
Não demorou muito tempo e surgiram novos questionamentos sobre o uso da bomba submersa na lança. A pergunta que surgia era, porque não utilizar esta capacidade de vácuo em profundidades menores para aumentar a densidade de mistura, bombeando mais material e menos água. O objetivo era aumentar a produção, através da alta densidade com instalação motora de menor potência e assim utilizar menos água e também obter um OPEX mais baixo. Sem dúvida uma alternativa viável, mas que também exige cuidados e está longe de se tornar uma verdade absoluta.
A decisão nunca é óbvia e precisa ser tomada analisando vários aspectos do projeto.
Abaixo listo algumas das perguntas importantes para este tipo de análise:
-Qual o plano de dragagem, ou seja, teremos profundidade suficiente no projeto que permita a bomba estar afogada e fazer uso da coluna de água convertendo em um vácuo útil significativo. Importante assistir o “filme” do projeto e não olhar somente a “foto”.
-Como planejar a dragagem no caso de baixa profundidade com estas dragas.
-Quais seriam as condições de lay out de linha de descarga para que possamos comparar a performance da bomba a bordo versus a bomba submersa. Muitas vezes a vantagem da alta concentração não se confirma dependendo do projeto de bombeio.
-Como fica a situação de desgaste da bomba, pois o ponto de trabalho da bomba submersa difere da bomba a bordo.
-Qual a diferença de CAPEX que justifique o OPEX inferior (se for o caso). Lembrando que dragas com bomba a bordo são fabricadas em série.
Sempre bom contar com tecnologia que nos permita escolher a melhor alternativa, e no caso acima, ambas tem suas vantagens, porém qualquer decisão deve ser tomada baseada em uma análise crítica criteriosa e nesse caso, não se deve economizar nos questionamentos, mesmo que lhe pareçam simples. Estejam certos que cada pergunta acima, vai gerar uma discussão técnica de larga amplitude, portanto cuidar dos pequenos detalhes do projeto, podem impactar de forma significativa. Melhor gastar o tempo necessário na engenharia do projeto, do que arcar com o prejuízo por anos na operação.
Fotos : Dragas de 20″ com bomba submersa e bomba a bordo
